Diálogo Reformista

“ Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza ” (2 Coríntios 12:8,9 – NVI). Não se sabe exatamente qual era o “espinho na carne” referido por Paulo. São muitas as possibilidades. Alguns acreditam que se tratava de cegueira. O fato é que ele orou por três vezes e a resposta foi não. O que devemos fazer quando a resposta é “não”? Creio que o conselho abaixo é útil nesse momento: “Portanto, se você crê que o Senhor Jesus cura, mas não obtém a cura de suas enfermidades, tenha certeza de uma coisa: esse seu sofrimento redundará em maior glória para o Filho de Deus. Se essa é a intenção do Pai Celeste, Ele dar-nos-á a graça necessária para suportar a aflição”.¹ Submeta-se a vontade de Deus. Pense nisso. Att, Rev. Luciano A. Betim

Ninguém nega que Deus ainda continua curando. O problema é que isso foi transformado numa vitrine de exposição de certos lideres:   “Quanto a mim, acredito que muitos dos que alegam terem grandes ministérios de curas são, na verdade, fraudulentos. Embora alguns deles tenham sido realmente usados pelo Senhor, perderam com o tempo a prioridade do Reino e passaram a se autopromoverem, atraindo grandes multidões e significativas somas de dinheiro. Os que se promovem acabam perdendo o ministério e a comunhão com o Senhor”. [1] Jesus foi bastante claro: “Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci’” (Mateus 7:22,23 – NVI) Alguns lideres tem ensinado seus adeptos a exigir, decretar e ordenar que Deus os cure: “Há, em nossos dias, uma doutrina da cura que anda à beira da presunção. Ensina que é da vontade de Deus curar

Essa é uma pergunta interessante e desafiadora. Jack Deere apresenta uma resposta interessante: “A resposta a essa pergunta é que o dom de curas não é automático, nem pode ser exercido segundo nossos próprios critérios. O próprio Senhor Jesus esteve em um “hospital”, mas curou somente um homem”. [1] Deere está se referindo ao tanque de Betesda: “Era de supor que Jesus curasse outras pessoas ali, em redor do poço de Betesda. Em muitas ocasiões, nos evangelhos, Cristo havia curado multidões de pessoas.   [...] Não obstante, Jesus curou somente aquele homem, à beira do poço de Betesda”. [2] Em última análise tudo depende da vontade soberana de Deus. A igreja deve orar pelos enfermos, mas resposta cabe a Deus. Pense nisso. Att, Rev. Luciano A. Betim [1] DEERE, Jack. Surpreendido pelo Poder do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.65. [2] DEERE, 1995, p.64.

Independente de quem seja eleito, se você é um seguidor de Jesus, há algumas atitudes que deve tomar. Fuja dos extremos [direita e esquerda]. Busque o equilíbrio. 1. Ore pelo presidente eleito (e demais autoridades) “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade...” (1 Timóteo 2:1,2) 2. Respeite aqueles que foram eleitos (por mais que discorde) “Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema... Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei” (1 Pedro 2:13,17) 3. Pague seus impostos (embora considere injusto) “É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho” (Romanos 13:6) 4. Lute pela defesa da liberdade (de todos os credos) “...que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, co

Diferente de Calvino e do Catecismo de Heidelberg, documentos que abordam o Credo Apostólico de modo expositivo, os Catecismos de Westminster não tratam desse importante símbolo de fé. Ao que parece alguns teólogos nitidamente [hiper] puritanos não aceitaram a presença do Credo: “[...] O comitê também discutiu se deveria ou não incluir uma exposição do Credo Apostólico, que era historicamente uma das principais características dos catecismos, mas, não sendo o Credo Escritura inspirada o comitê decidiu-se definitivamente por não incluir sua exposição”. [1] Uma pena. Lutero, Calvino e as Confissões Reformadas clássicas (Heidelberg) dialogaram com o mais importante dos credos ecumênicos, ou seja, o Credo Apostólico. As igrejas reformadas nas Ilhas Britânicas [presbiterianas] poderiam ser bastante enriquecidas caso o credo fizesse parte da exposição nos Catecismos de Westminster. Att, Rev. Luciano A. Betim [1] GODFREY, Robert W. Introdução ao Catecismo Maior de

Procurei interagir com as fontes primárias na “Patrística”. Os carismas diminuíram, mas não desapareceram. Não estou endossando pentecostalismo ou neopentecostalismo. Apenas levantando fontes. 1. INÁCIO DE ANTIOQUIA (35-107 d.C.) O dom de profecia ou palavra de conhecimento se mostrou na experiencia desse importante pai apostólico: “Alguns quiseram me enganar segundo a carne, mas não se engana o espírito que vem de Deus. De fato, ele sabe de onde vem e para onde vai, e revela os segredos. Estando no meio de vós, gritei, disse em alta voz, uma voz de Deus: ‘Permanecei unidos ao bispo, ao presbitério e aos diáconos!’ Aqueles suspeitaram que eu disse isso porque previa a divisão de alguns, mas aquele pelo qual estou acorrentado é minha testemunha de que eu não o sabia através da carne. Foi o Espírito que me anunciou [...]. [1] 2. BARNABÉ (Epístola escrita entre 70 – 132 d.C.) Barnabé responde sobre como Deus habita e realiza sua obra em nós: “Pela sua palavra de fé, pe

Por favor, leia com calma para entender. Wayne Grudem, talvez o mais conhecido continuísta moderado escrevesobre o Cânon dos Sagradas Escrituras: “As palavras de Deus proferidas por lábios humanos deixaram de ser dadas quando o cânon do Novo Testamento foi completa. [...] É mais proveitoso para nós estudar as palavras de Deus escritas na Bíblia. É a Palavra escrita de Deus que ele nos ordena estudar”. [1] Deus falou em sua Palavra. As experiencias atuais são mais para “palavras de conhecimento”, mas em hipótese alguma “profecia infalível”. Infalível somente a Bíblia Sagrada. Pense nisso. Att, Rev. Luciano Betim [1] GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: exaustiva e atual. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.27.

Não é um teste infalível, mas aponta algumas características de um cristão nascido de novo. Um cristão autêntico: 1.      ama seus irmãos em Cristo e a igreja local porque ama a Deus; 2.      deseja ter comunhão com Deus e não apenas a comodidade do céu; 3.      entende que seguir Jesus significa discipulado; 4.      obedece a Deus por amor a ele; 5.      anseia confessar seus pecados e abandoná-los; 6.      dá um grande valor à graça e pouco valor a seus próprios desejos. [1] São apontamentos que funcionam como mapas da caminhada cristã. Pense nisso. Att, Rev. Luciano A. Betim [1] LAWRENCE, Michael. Conversão: como Deus cria um povo . São Paulo: Vida Nova, 2017, p.61.

O foco da reforma repousou sobre temas relacionados com a justificação pela fé. Mesmo assim é possível delinear alguns pontos sobre o pensamento de Calvino sobre o milênio. 1. Calvino rejeitou o conceito um futuro milênio literal "Deixo de considerar o fato de que já no tempo de Paulo Satanás começou a pervertê-la; mas, pouco depois, seguiram-se os quiliastas, que limitaram o reinado de Cristo a mil anos. [...] Aqueles que prescrevem aos filhos de Deus mil anos para usufruírem a herança da vida futura, não se apercebem de quão afronta lançam tanto a Cristo quanto a seu reino”. [1] Ao comentar o texto de 1 Tessalonicenses 4.17, ele escreve: “a vida dos fiéis, quando uma vez foram reunidos em um reino, não terá mais fim do que a de Cristo [...] atribuir a Cristo mil anos, de modo que depois ele cessaria de reinar, seria terrível demais para se mencionar [...] caem neste absurdo aqueles que limitam a vida dos fiéis a mil anos, pois eles devem viver com Cristo enquanto

Que os pequeninos devem ser batizados como sinal de que pertencem a família da aliança não há dúvidas. Mas e quanto a participação das crianças herdeiras da aliança na Ceia do Senhor? Esse assunto tem sido discutido nas igrejas reformistas. Algumas igrejas entendem que sim, outras, não. Segue abaixo alguns apontamentos históricos. 1. Parece que na igreja antiga as crianças participavam da ceia Dois importantes pais da igreja, Cipriano e Agostinho, se mostravam favoráveis a participação dos infantes na Ceia do Senhor. [1] Se isso era comum na patrística ainda é questão de estudos mais aprofundados. Mas há evidências da prática. 2. Calvino admitiu o costume antigo, mas não endossou a prática em seu tempo João Calvino, reformador de Genebra, admitiu que esse era o costume a participação infantil nos primeiros séculos da igreja, entretanto o reformador não endossou a continuidade da prática nas igrejas reformadas de seu tempo. [2] 3. Igrejas reformistas que pe

Diante dos desafios da pregação, estudos bíblicos e outros compromissos, muitos pastores esquecem da “leitura pessoal” da Bíblia. John Wimber faz um alerta: “[...] eu estava tão grato que pela primeira vez em 4 anos eu abri a Bíblia para lê-la para mim mesmo. Não estou dizendo que não lia a Bíblia todos os dias. Eu a lia constantemente, mas não para mim. Apenas para ensinar. Para dar aos outros”. [1] Busque alimento e descanso na Palavra de Deus. Pense nisso. Rev. Luciano A. betim [1] WIMBER, John. I'm A Fool For Christ – Whose Fool Are You? Stafford, TX: Vineyard Resources, 2006. 1 DVD (119min).

“ Irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam ignorantes .” (1 Coríntios 12:1 – NVI). Sobre a questão dos carismas, ou seja, os dons, um dos maiores pastores e teólogos Presbiteriano, doutor R. C. Sproul, escreve: “A questão do falar em línguas certamente não foi ignorada pelos grandes santos [...] Lutero e Calvino falavam favoravelmente sobre o dom, embora pareçam tê-lo ligado à pregação missionária [...]” (SPROUL, 2013, p.141). Mas o que diz o próprio reformador João Calvino sobre os dons e sua continuidade ou cessação dos dons extraordinários? Pontuamos algumas coisas. 1. Comentando sobre 1 Co 13, Calvino entende que os dons cessarão de "fato e final" na parúsia: "Mas quando tal perfeição virá? Em verdade, ela começa na morte, quando nos despimos das inúmeras fraquezas juntamente com o corpo; ela, porém não será plenamente estabelecida, até que chegue o dia do juízo final, como logo veremos. Portanto, desse fato concluímos que

Em relação a profecia Calvino escreveu, admite que há várias interpretações. Ele comenta vários textos bíblicos relacionados a profecia ou palavra de conhecimento. Diz o reformador: "Está passagem, contudo, tem sofrido diversas interpretações. Alguns entendem profecia no sentido de faculdade de predizer, a qual vicejou na igreja durante os primórdios do evangelho, quando o Senhor quis enaltecer a dignidade e excelência de seu reino por diversos meios [...]". [1] Em seguida ele mostra haver outras interpretações para a profecia: "Se porventura alguém tiver outra interpretação, estou disposto a reconhecer que há espaço para a mesma, não provocarei nenhuma controvérsia por causa disto". [2] Não há dúvidas que o reformador defendeu o Sola Scriptura. Não há a menor chance de novas revelação canônicas. Há, porém a possibilidade de “palavras de sabedoria”, nas questões secundárias da vida cristã. Att, Rev. Luciano A. Betim [1] CALVINO, J

Segue uma compilação de textos de Calvino em passagens chaves. Acompanha referências no final para quem quiser aprofundar. Não é uma lista exaustiva. Lembre-se que Calvino viveu meio século antes do Sínodo de Dort [5 pontos]. O ideal é não ler Calvino com os óculos de Dort. 1. Comentando Gálatas 5.12: “[...] Deus recomenda que busquemos a salvação de todos sem exceção, mesmo porque Cristo sofreu pelos pecados do mundo inteiro” (CALVINO, 1998, p.161). 2. Comentando João 1.29: “E ao dizer: o pecado do mundo, ele estende essa benevolência indiscriminadamente a toda a raça humana, para que os judeus não imaginassem que o Redentor fora enviado exclusivamente a eles. À luz desse fato, inferimos que o mundo inteiro está submetendo-se à mesma condenação; e visto que todos os homens, sem exceção, são culpados de injustiça diante de Deus, por isso necessitam de ser reconciliado com ele.” (CALVINO, 2015, p.49). “[...] Ele diz que está redenção foi granjeada através do sangue d