O foco da reforma repousou sobre temas relacionados com a
justificação pela fé. Mesmo assim é possível delinear alguns pontos sobre o
pensamento de Calvino sobre o milênio.
1. Calvino rejeitou o conceito um futuro milênio literal
"Deixo de considerar o fato de que já no tempo de Paulo
Satanás começou a pervertê-la; mas, pouco depois, seguiram-se os quiliastas,
que limitaram o reinado de Cristo a mil anos. [...] Aqueles que prescrevem aos
filhos de Deus mil anos para usufruírem a herança da vida futura, não se
apercebem de quão afronta lançam tanto a Cristo quanto a seu reino”.[1]
Ao comentar o texto de 1 Tessalonicenses 4.17, ele escreve:
“a vida dos fiéis, quando uma vez foram reunidos em um reino, não terá mais fim do que a de Cristo [...] atribuir a Cristo mil anos, de modo que depois ele cessaria de reinar, seria terrível demais para se mencionar [...] caem neste absurdo aqueles que limitam a vida dos fiéis a mil anos, pois eles devem viver com Cristo enquanto o próprio Cristo existir”.[2]
“a vida dos fiéis, quando uma vez foram reunidos em um reino, não terá mais fim do que a de Cristo [...] atribuir a Cristo mil anos, de modo que depois ele cessaria de reinar, seria terrível demais para se mencionar [...] caem neste absurdo aqueles que limitam a vida dos fiéis a mil anos, pois eles devem viver com Cristo enquanto o próprio Cristo existir”.[2]
Também ao comentar Atos 1.6-8:
“Então, segue-se que ele [Cristo] reina espiritualmente, e
não depois de qualquer maneira mundana [...]. Portanto, vemos que aqueles que
tinham opinião de que Cristo deveria reinar como um rei neste mundo por mil
anos caíram na loucura”.[3]
[tradução nossa]
2. Calvino tem um posicionamento mais próximo do pós-milenismo
2. Calvino tem um posicionamento mais próximo do pós-milenismo
Para ele o reino de Deus vai se expandindo até atingir e
incluir todas as nações do mundo.[4] Comentando
o Salmo 72, Calvino diz:
“Este versículo contém uma afirmação muito distinta da
verdade: para que o mundo todo seja conduzido em sujeição à autoridade de
Cristo [...]. Enquanto Davi, pois, começou com seu próprio filho e a
posteridade deste, ele apontava, pelo Espírito de profecia, para o reino
espiritual de Cristo [...] Deste fato também aprendemos que, na Igreja e
rebanho de Cristo, há lugar para os reis, a quem Davi aqui não desarma de suas
espadas nem os despojam de suas coroas para que sejam admitidos na Igreja, mas,
antes, declara que virão com toda a dignidade de sua condição prostrar-se aos
pés de Cristo”.[5]
O que se pode notar é que Calvino se enquadra tanto no
conceito amilenista quanto no pós-milenismo. Ambas as escolas evocam o
reformador.
Att, Rev. Luciano A. Betim
[1]
CALVINO, João. As Institutas ou Tratado da Religião Cristã: Edição Clássica
(Vol.3). São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 453.
[2]
CALVINO, João. Comentário à Primeira Epistola de Paulo aos Tessalonicenses. [S.l.:
s.n.], p.39.
[3]
CALVIN, John. Commentary on Acts - Volume 1. Grand Rapids, MI: Christian
Classics Ethereal Library.
[4]
CALVINO, João. Comentário aos Salmos: volume 2. São Paulo: Edições Paracletos, 1999,
p. 339.
[5]
CALVINO, João. Comentário aos Salmos: volume 3. São Paulo: Edições Paracletos, 2002,
p.78.
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