Alguns textos bíblicos indicam essa possibilidade. Diaconia
feminina no sentido de “serviço” ou de “ofício”?
“Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que
haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena,
de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da
casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los
com os seus bens” (Lucas 8:1-3 – NVI). Ocorre aqui a palavra “diakoneo”.
“Recomendo-lhes a nossa irmã Febe, diaconisa na igreja de
Cencreia” (Romanos 16.1 – NAA). O termo grego é “diakonos”. A SBB optou por
traduzir por “aquela que está servindo” nas novas edições.
“As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras,
mas sóbrias e confiáveis em tudo” (1 Timóteo 3:11 – NVI). O texto se
encontra inserido no meio das recomendações ao ofício diaconal. “Diaconisas” ou
“esposas” dos diáconos?
Herman Bavinck, teólogo reformado situado na tradição
holandesa, escreve:
“Ao examinarmos a palavra diakonia em Atos 11.29; Romanos
12.7; 1 Coríntios 12.5; 2 Coríntios 8.4; 9.1, 12-13; Apocalipse 2.19 e,
especialmente, em todos os lugares onde o ofício de diáconos e diaconisas é
mencionado, devemos, acima de tudo, pensar no ministério de misericórdia”.[1]
Bavinck faz ainda alguns apontamentos no contexto reformado
histórico:
“Além disso, a diferenciação dos diáconos entre aqueles que
servem ao pobre e aqueles que visitam os enfermos, embora tenha sido
introduzida por Calvino, raramente foi adotada, enquanto outros restauraram o
ofício de diaconisas”.[2]
A comunidade reformada mundial se encontra dividida quanto a
questão da ordenação feminina ao diaconato. Algumas igrejas, mais progressistas,
entendem e ordenam para o ofício. Outras, mantém o posicionamento conservador,
restringindo o trabalho diaconal como ofício apenas entre homens.
Por exemplo, a IPB, embora não ordene mulheres ao ofício
diaconal, recomenda, por meio da Manual Presbiteriano (art. 83), que os conselhos
das igrejas locais devem “designar, se convier, mulheres piedosas para cuidarem
dos enfermos, dos presos, das viúvas e órfãos, dos pobres em geral, para alívio
dos que sofrem.[3]
Att, Rev. Luciano A. Betim
[1] BAVINCK,
Herman. Dogmática Cristã: Espírito, igreja e nova criação. São Paulo: Cultura
Cristã, 2012, p.351.
[2] BAVINCK,
Herman. Dogmática Cristã: Espírito, igreja e nova criação. São Paulo: Cultura
Cristã, 2012, p.392. [F. Junius, Op. theol. Select, I, 1567; A. Walaeus, Opera
omnia (Leiden, 1643), I, 466; *G. Voetius, Pol eccl, II, 508ss., 529].
[3] MANUAL
Presbiteriano: Igreja Presbiteriana do Brasil. São Paulo: Cultura Cristã, 2013,
p.46.
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