Há muita confusão sobre o ofício ou dom de profecia. Muitas pessoas arrogam possuir autoridade para
falar em nome de Deus. Esse tipo de atitude traz muita confusão sobre o povo de
Deus. O que o Novo Testamento tem a dizer sobre o ofício do profeta e o dom da
profecia?
1. O dom ou ministério do profeta
“Assim, na igreja, Deus estabeleceu [...] profetas”
(1 Coríntios 12:28 NVI)
“[...] edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas” (Efésios 2:20 NVI).
“E ele designou alguns para apóstolos, outros para
profetas” (Efésios 4:11 NVI)
As passagens acima, falam do dom ou ofício ministerial do
profeta. Junto com os apóstolos eles desempenharam papel importante na fundação
da igreja. O conteúdo de suas profecias era a Palavra de Deus revelada e
canônica para o povo de Deus. Hoje temos essas palavras presentes em nossas
Bíblias.
Wayne Grudem escreve:
Quer vejamos aqui um grupo como eu vejo (apóstolo-profeta)
quer vejamos dois [...] (apóstolos e profetas), todos concordamos que esses
profetas são os que forneceram o fundamento da igreja e, portanto, são profetas
que falaram palavras divinas infalíveis [...]. O contexto indica muito
claramente um grupo limitado de profetas que (a) participaram da própria
fundação da igreja, (b) estavam muito ligados aos apóstolos e (c) receberam de
Deus a revelação de que na igreja os gentios eram membros iguais aos judeus (Ef
3.5) [...]. Era um pequeno grupo de profetas muito ligados aos apóstolos, que
falavam palavras com qualidade de Escritura [...] que forneceu esse fundamento
para a igreja universal.[1]
Essa função profética cessou. Deus não concede mais novas
revelações além daquilo que está em sua Palavra escrita. Não mais profetas. A
igreja já está edificada e fundamentada.
2. O dom da profecia
“Ele tinha quatro filhas virgens, que profetizavam”
(Atos 21:9 NVI)
“Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da
sua fé” (Romanos 12:6 NVI)
“Mas quem profetiza o faz para a edificação,
encorajamento e consolação dos homens” (1 Coríntios 14:3 NVI).
Outras passagens parecem apostar que o dom da profecia era
dado para outras pessoas no corpo de Cristo. Este tipo de profecia não era
canônico doutrinal, mas apontava para palavras de exortação, consolação e
edificação, e em alguns casos predição de eventos futuros.
Sam Storms define o dom de profecia como “o relato humano de
uma revelação divina”.[2]
Segundo o mesmo autor a profecia ou “revelação de Deus é verdadeira em todas as
suas partes; nela não há qualquer traço de falsidade [...]. O problema é [...]
interpretar mal ou aplicar mal o que Deus revelou”.[3] Ou
seja, não falha na origem, mas na transmissão.
Com a pregação pode ocorrer a mesma coisa. A Bíblia é
inspirada e inerrante, mas o pregador ou o leitor pode incorrer em interpretação
errada. O problema, nesse caso, também não é na origem, mas na transmissão.
Diante disso, como deve ser entendida a profecia hoje?
Grudem afirma novamente:
Assim, as profecias na igreja hoje devem ser consideradas
palavras meramente humanas, não palavras de Deus, e não equivalentes à Palavra
de Deus em autoridade [...]. Se a profecia não contém as palavras do próprio
Deus, então de que se trata? Em que sentido ela vem de Deus? Paulo indica que
Deus podia levar algo de maneira espontânea à mente, de modo que a pessoa ao
profetizar pudesse relatar aquilo com suas palavras [...]. A profecia ocorre
quando uma revelação proveniente de Deus é relatada com palavras (meramente
humanas) do próprio profeta.[4]
As profecias, declarações de
palavras de conhecimento ou impressões que Deus traz a mente daqueles que
possuem o dom de profecia, devem ser testadas à luz da Palavra de Deus Escrita,
a Bíblia Sagrada.
Att, Rev. Luciano Betim
[1]
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: exaustiva e atual. São Paulo: Vida Nova,
1999, p.920-921.
[2]
STORMS, Sam. Dons espirituais: uma introdução bíblica, teológica e pastoral.
São Paulo: Vida Nova, 2016, p.102.
[3]
STORMS, 2016, p.108.
[4]
GRUDEM, 1999, p.897-898.
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